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Trechos, textos e trecos

quinta-feira, setembro 25, 2003



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Estou tomando conta de mim


Decidi viver direito, é isso; mas não vou ser moça de manual de boas maneiras nunca, nem vem...
Estou pondo a vida em dia, olhando de novo pra mim, me ajudando a ser alguém. Sabe quando você resolve escovar os dentes devagar, não negligenciar o fio dental? Estou cidadã de mim mesma, me merecendo mais.
Estou em vida, indo, em trânsito, me ocupando de mim. Não estou pensativa, nem reflexiva, nem nada, já fiz muito isso, estou na fase seguinte, entende? Agora estou na etapa fazer.

Sim, mas e daí? E daí nada, só estou dizendo o que está acontecendo.

Escrevo assim mesmo, não estamos no terceiro milênio, todos morrendo de pressa? Vou escrevendo como quem transborda de si. Gosto dessa sensação de não me caber.

E escrever, o que é? Às vezes acho meio esquisito ficar conversando com o computador, ele não me responde, não participa. Sento aqui em frente ao monitor e começo a digitar umas coisas que nem sei para o que servem... Escrever é conversar sozinha? Não é um pouco esquizofrênico? Bem, pelo menos até que alguém leia, me parece.


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Papo Rádio

Estava quieta, ouvindo música sem prestar muita atenção quando um ouvinte todo brother me liga. “Aí, falei com você ontem, né? Dá pra tocar Romeo and Juliet do Dire Straits?”. Eu: não foi comigo que você falou ontem; não dá pra tocar porque não está programada, e não tenho como programar música, liga amanhã às duas da tarde e fala com a programação.
Gente, rádio não é disque-música... Já pensou se eu saísse tocando o que me pedem? Como teria tudo à mão? Como fazer a rádio funcionar direito desse jeito? Se bem que tenho algumas idéias para rádio. Uma é atender alguns pedidos durante a programação normal, tocar umas três músicas no máximo que fossem pedidas ao locutor; outra idéia é o próprio locutor ter o seu momento e incluir umas duas músicas por dia de trabalho. Mas o legal seria dizer que estava atendendo a pedidos e dizer que ia tocar uma selecionada por ele, contar uma historinha rápida sobre o porquê, se houvesse um porquê, fazer uma coisa mais humana, mais normal, como quando você mostra uma música para um amigo em casa. Tempero tempestivo. Se não pintasse telefonema ou idéia, seguia-se a rotina.
Por que se faz rádio sempre seguindo velhas fórmulas? Somos tão formais no dial. Até numa rádio jovem vê-se que é tudo montado, produzido... São jovens com atitude pseudojovem. E quem foi que disse que jovem é feliz o tempo todo e só gosta de música acelerada? Veículo de massa esmaga toda singularidade humana, relega todas as idiossincrasias, que faz de cada um um. Ouvintes são pontos de audiência, mas eu me sinto falando com cada um deles, já que sou escutada como uma só.
E talvez essa seja a maneira mais simples de dizer o que sinto ou como sinto o que é fazer locução. Eu não me sinto falando para o coletivo (sem trocadilho, que não se trata de ônibus!), falo com uma pessoa, que não especifico homem ou mulher - é um espírito, uma inteligência. Eu me dirijo a quem me ouve verdadeiramente e tenho intimidade e afeição quando converso com o ouvinte. Ele não me responde na hora, mas sei que está do outro lado, do mesmo jeito que é quando falo no telefone com um amigo. Quando abro o microfone abro um canal muito especial, e isso não é para enaltecer quem nem conheço. Alguém está lá como eu estou aqui em frente ao microfone. Falar para os ouvintes é meio como conversar comigo, fico muito à vontade, como se quem me ouvisse me conhecesse. Sou íntima do ouvinte desde já. E intimidade é palavra que não rima com mentira, nem com vulgaridade, e sim com respeito, dedicação e entrega. Gostei de quase explicar como é estar no ar, é estar em boa companhia, mas não em frente a uma platéia, ali estamos só eu e o ouvinte imaginário, que nem traduzo em sexo, cor, idade, classe social. O ouvinte é antes de mais nada alguém que me faz companhia.

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Ser feliz é a maior mentira que a gente inventa para agüentar a vida.


De vez em quando invento umas frases assim. Nem explico.

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